"Amar é um dos verbos mais difíceis de se conjugar: o seu passado não é perfeito, seu presente apenas indicativo; e o futuro é sempre condicional." (Jean Cocteu)"

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Amar-se


Tenho um conceito de amor que nem sempre as pessoas entendem.


Amo as pessoas que entram na minha vida, sejam elas amigas(os), amantes, namoradas, e me aceitam como sou, da mesma maneira que consigo aceitar.


Qualquer, mesmo pequeno sacrificio que se faça por alguem é um ato de amor.


Amar alguem é coloca-la a frente de seu desconforto, simplesmente pq vc acha que ela merece


Para amar assim precisa-se acima de tudo SE AMAR, para se pôr em segundo lugar.


Amar a si próprio não é se colocar em primeiro lugar (isso é egocentrismo, é o que a criança é, pois somente a ela que o mundo tem de servir). Amar a si proprio é ocupar com maestria seu lugar no mundo, é ter respeito por si proprio por fazer aquilo que acha certo. Amar-se é fazer sacrifícios. Abrir concessões.

Quem deixa de prestar atenção ao próximo, quem magoa sob a desculpa de que SE AMA, é alguém que quer acreditar que isso é verdade, e quer mostrar para os outros que se basta.

Vendem, em troca do centralismo e do disfarce da insegurança a oportunidade de se mostrarem humanos completos. Mas não existem humanos completos. Todo aquele que é posto em claustro solitário enlouquece e morre. Pois para se amar é preciso ter orgulho de si mesmo e para se orgulhar de si mesmo é preciso ser autruista e ou competente, coisas que dependem de um segundo sujeito.

Ao prender-se no espelho d´água, narciso, sob jugo do amor proprio, morreu porque se colocou em primeiro lugar.

Bom dia!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

The greatest thing you'll ever learn is just to love and be loved in return.


Existe uma ilusão de que amor é algo que se constrói com o tempo.
Não! Amor é a base sobre a qual se constrói qualquer relação.
Existe um preciosismo em cima da palavra amor que acaba deturpando seu próprio significado.
Amar é (ou deveria ser) o primeiro sentimento com o qual travamos contato. O amor de mãe se manifesta no o aconchego do útero. È assim que o amor é: nos remete à segurança e nos deixa auto-confiantes.

O amor tem a temperatura certa. E nos protege dos males, mesmo que tenha que dizer não.
O mais importante: o amor não mente.
Ele diz a verdade, doa o que doer, e verdades inteiras, nada se esconde por pena, o amor não poupa quem ama pois sera perdoado pela pior verdade.Mas nunca SE perdoará por mentir.
O amor é confiança e ainda compreensão, quem não sabe ser amado não sabe amar. Cria um personagem amável esconde os defeitos.
É a pessoa que esconde um sua personalidade, seus vícios e seus defeitos té mesmo de seus pais que são as pessoas que mais deveriam amar.
Essa pessoa não teve amor, ou nunca entendeu o que é amor.

A mágoa do dia que se descobre que se foi enganado por tanto tempo é muito maior. Se faz isso com os próprios pais o que essa pessoa fará com as pesssoas que a amarem durante a vida?
Quem sabe ser amado não tem medo de decepcionar. Pois sabe que será perdoado.
Mas de todos os inimigos do amor orgulho é o pior. Escondido sob um falso “amor próprio” o orgulho só magoa e destrói. Ignorância daquele que confunde orgulho com amar a si mesmo, o orgulhoso quer só que sua verdade e seus interesses prevaleçam.
Não querem que a imagem falsa sobre a qual baseiam suas vidas seja desvendada. Não assumem seus atos por vergonha. Vivem por prosperidade e não por felicidade. São preconceituosos pois somente a si que sentem e se põe acima de qualquer um.
Alguns são tão apegados a esse amor próprio que se negam a ter filhos, pois são incapazes de dividir seu mundo. São estéreis, secos por dentro.
Há também as pessoas que só querem ser amadas, sem amar. Assentam-se num comodismo, pois previne o sofrimento, mas é triste pois a cada vez que se nega o amor por medo de sofrer nega se também o indescritível prazer de amar. Tudo fica rotineiro, "mais ou menos". Mecânico.
Tenho pena dessas pessoas, pois a vida delas é cinza. Pois é a aquarela do amor é o que pinta um sorriso no nosso rosto principalmente de manhã, a hora mais feliz do dia, pois quem é amado acorda do seu sonho para uma realidade ainda melhor.
.

Boa Tarde!

sábado, 4 de setembro de 2010

Sem ti, tudo correrá sem ti....


Acredito sinceramente no fim da humanidade. Não necessariamente em cataclismos, grandes destruições, tragédias apocalípticas e aquecimentos globais.
O fim que eu temo já está em andamento e se refere a destruição da humanidade que cada um tem dentro de sí.

As pessoas não se entendem mais, pensam somente em sí ou num círculo pequeno de pessoas que estão a sua volta e servem aos seus interesses. A "involução" atual nos carrega ao mesmo patamar das cortes francesas onde a frivolidade, falta de caráter e total incapacidade de viver sem os luxos que acabaram por quebrar o estado.
]
Entendam que não falo de política, não são planos sociais, mas o "eumismo" o egocentro localizado no umbigo de cada elemento de uma coisa que a gente nem pode mais chamar de sociedade.

Uma supervalorização da vida que a deixou maior que qualquer valor, e acredite a vida não é o maior valor. Fernando Pessoa (como Alvaro de Campos) sabia muito bem disso quando escreveu:

"Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar..."

Antigamente se morria pelo que se acreditava, hoje vive-se sem acreditar em nada. "Sombras fúteis" sim é isso que somos.

Nos julgamos tão importantes que esquecemos que há pouco sequer existíamos e o mundo passava "muito bem obrigado".

A diferença que podemos fazer está nas marcas que deixamos no mundo, nossa continuidade. Nunca deixaremos uma marca numa repartição publica onde trabalhamos no dia a dia, a marca esta no trabalho realizado e não na pessoa que o realiza. Cabe a nos a vontade de que nosso nome seja lembrado.

A marca esta na sua obra e naquilo que deixar nesse mundo e acredite muitas vezes nem saberão que foi você, quantos sabem o nome de seus bisavós, ou os pais deles? E quantas vezes agradecemos ou simplesmente atribuímos à eles o fato de estarmos vivos? talvez essa seja uma boa hora.

"Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?

Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?

És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.

E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?"

E são!

Boa Tarde!

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Poesia completa
(Se te queres matar, Fernando Pessoa)

Se te queres matar

Fernando PessoaSe te queres matar, porque não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por actores de convenções e poses determinadas,
O circo polícromo do nosso dinamismo sem fim?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!

Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...

A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...

Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além...

Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...

Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.

Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?

Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?

És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?

Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?

Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente:
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De células nocturnamente conscientes
Pela nocturna consciência da inconsciência dos corpos,
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atómica das coisas,
Pelas paredes turbilhonantes
Do vácuo dinâmico do mundo...

Álvaro de Campos


terça-feira, 6 de julho de 2010

Minha Fome

Era antes assim:
Quando era uma vez amargo tempo
Amargo na boca (oca)
Azia, Vazia...

E o doce: 
sempre depois.
-Sobremesa
de um banquete
que nunca foi servido

Quero encher o estômago
Quebrar a etiqueta
esses dias já são salgados
frios e putrefatos, mas nada,
Nada estraga meu apetite.

Minha vontade é devorar!

Rasgar o menu
amargo de saudade.
Fazer dieta só de prato principal
sorver o doce da sua boca
temperado com suor.

E só assim acabar com
essa coisa que me mata
essa fome ingrata
que eu tenho de você.

Princesas


Eu acredito em princesas.
Não que eu seja louco,
apenas acredito em princesas.
Num mundo desordenado,
sei que em algum lugar elas estão
Distantes,delicadas e destemidas.
Insurgindo nas batalhas dos seus corações
contra a tirania dos cavaleiros negros,
Rasgando seus vestidos pelo amor de um plebeu.
Provando a amargura do fel,
matando sua sede com as lágrimas,
vertidas entre os seios,
do fundo do peito...
Princesas lotadas de coragem.
Sonhadoras e presentes,
capazes de empunhar uma espada,
E com suas mãos delicadas
romper os grilhões atados aos seus pés.
Enfrentar dragões...
Talvez eu seja um sonhador
num mundo de encanto,
mas mesmo no mundo real
meu coração pertence a elas.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ídolo


Estou relendo um livro do Rubem Alves, um livro antigo chamado “Navegando”.

Não é de hoje que gosto muito do Rubem Alves, e o conheço desde a infância por ele ser amigo de minha mãe e freqüentar a minha casa.

Na verdade aquele senhorzinho calvo com uma coroa de cabelos brancos, semblante sereno e um respeitável narigão que freqüenta minha casa é para mim uma pessoa completamente diferente do Rubem Alves que vejo nos livros.

Não que seja pior, obviamente ambos são a mesma pessoa, mas, confesso que as vezes chega a me incomodar a personificação da mágica contida naqueles textos que, me inspiraram e me ensinaram uma forma nova de ver a vida.

Ler os textos do Rubem é uma janela que se abre e ensina como ver a vida de uma forma totalmente diferente, ensina que a vida não é feia, depende muito do lado que se olha.

Isso me faz pensar nessa relação quase conflituosa entre o homem e a sua obra.

É estranho quando a gente conhece a pessoa atrás do ídolo, e descobre que é só uma pessoa.

Muitas pessoas idolatram e amam a pessoa por que misturam a obra com o autor. Acho isso triste, pois muitas vezes o ser humano por trás da obra fica imerso em uma nuvem formada por fragmentos de sua própria obra.

Conheci já algumas pessoas ditas famosas, sou filho de artista, e sempre me envolvi de uma forma ou de outra com o encanto dos filhos das artes.

Uma das coisas que digo é que toda vez que me aproximei de uma maneira ou de outra vi a tal nuvem se dissipar mostrando alguém muitas vezes surpreendente e algumas vezes decepcionante.

Mas a grande verdade é que a obra tem realmente o encanto, como não misturar as letras maravilhosamente hipnóticas de Chico Buarque com aqueles encantadores olhos azuis. Como não misturar a genialidade dos personagens de Fernanda Montenegro, àquela senhorinha delicada.

Mas é preciso lembrar que o humano não é a obra é o ser. E ao contrario do finito da existência do ser, devemos sim admirar a eternidade da obra.

Por isso sei que o Rubem da minha casa tem todos os defeitos e qualidades que qualquer pessoa pode ter. Mas sua obra me toca e tudo que nos toca deve ser lembrado.


Boa Noite

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Bunda da Humanidade


Certas características nos separam dos demais animais ditos inferiores:  polegar opositor e um telencéfalo altamente desenvolvido (como diria Jorge Furtado).

Mas o importante é que nenhuma dessas características é, isoladamente humana.
O polegar opositor é, por exemplo, característica de todos os primatas e até de alguns outros mamíferos como o guaxinim.

Já o telencéfalo, até mais desenvolvido que o humano, pode ser encontrado em cetáceos como o golfinho.
Logo o que nos faz humanos?
Qual a característica única e exclusivamente nossa, que não pode ser achada em nenhum outro animal?
Essa dúvida me incomodou durante anos, e imerso em minhas observações fui, num dia de sol numa praia do Guarujá, iluminado por uma revelação: lá estava, na minha frente, óbvia e descoberta, rebolante e desejada:
-A BUNDA!

Na conformação humana, de duas almofadinhas gordurosas, nenhum outro animal possui tal estrutura. É exclusiva!
E com certeza, a única coisa observável que define de forma incontestável de que tal criatura é um Homo Sapiens.
Imagine extraterrestres na árdua missão de classificar as formas de vida em nosso planeta. O quão intrigados ficariam ao se deparar com aqueles montinhos na base da coluna. Isso explicaria em grande parte as abduções.

Quantas horas, não devem ter passado os alienígenas a estudar um humano de bruços, observando aquelas estruturas. Hoje acredito que ouviríamos nos laboratórios dos discos-voadores:
- Que tipo de primata é esse que nós capturamos?
–Humm, vire ele de costas. (...) Ok, ok: definitivamente é um ser humano.
Mas mesmo assim, a Bunda sempre foi relegada ao segundo plano nas aulas de anatomia, temos especialistas médicos para cada órgão do nosso corpo mas nunca se ouviu falar em nadegologista.

Mantida nos porões pervertidos da sexualidade humana, a bunda sempre foi uma marginal.
Observada libidinosamente, discreta ou indiscretamente, sempre despertou desejo de uma maneira quase incompreensível, dada a sua localização e função.
Talvez a grande importância dessa estrutura anatômica desprezada pelos acadêmicos e amada pelo povo, esteja no fato de que a nossas nádegas sejam, no final das contas, a nossa verdadeira identidade.

Muito, mas muito mais que um telencéfalo ou um polegar.
Boa Tarde

segunda-feira, 29 de março de 2010

A Verdade sobre Aurora


Escondido nos recônditos das marchas carnavalescas, um mistério:
Aurora; uma mulher comum, que desejava ser amada e feliz, foi imortalizada sob o jugo da insinceridade.

Difundida aos quatros cantos do nosso país, a marchinha acusa indubitavelmente essa mulher de não ser sincera.
Mas nunca ficou claro o em que se baseia tal acusação.

Agora o mistério chega ao fim:
Depois de anos de investigação, pesquisando arquivos e entrevistando testemunhas , consegui finalmente descobrir o motivo que levou a essa mulher carregar até hoje o estigma que a deixou na miséria.
A historia de uma mulher cuja paixão fez com que abrisse mão da única chance de sua vida de ter um lindo apartamento com porteiro e elevador, ar refrigerado para os dias de calor sem contar com a alcunha de madame antes do nome.

Eis: 
A VERDADEIRA HISTÓRIA DE AURORA (por Dú Badaró)

Aurora era uma mulher simples, nascida no Rio de Janeiro, em Santa Cruz na zona oeste. Foi criada numa família pobre mas honrada.
O esmero em sua criação refletia o desejo de seus pais de que, através de um bom casamento, pudesse sua filha ter um futuro mais digno e próspero. 

Aurora foi educada com sacrifício, na arte do corte e costura, também cozinhava muito bem e cantava no coral da pequena igreja de seu bairro.
Engana-se porém quem achava que seus dotes se limitavam aos talentos domésticos. Pois era também, Aurora, uma formosa rapariga.

Certa feita conheceu Mário Lago, advogado, homem de letras que era também compositor e ator nas horas vagas.
Mário, quase à primeira vista, encantou-se com Aurora e, como mandavam as boas maneiras da época, pediu aos pais da pretendida que autorizassem o namoro.

Os pais, apos minucioso escrutinio da vida do pretendente, permitiram a relação, e, assim o namoro seguiu dentro dos conformes. No sofá da sala, no máximo de mãos dadas.

O grande problema é que Aurora não amava Mário. 
O aceitara por respeito à seus pais, uma vez que o jovem advogado representava tudo aquilo eles desejavam. Um homem de família, que morava num belo apartamento no Leblon.

Para desespero da pobre moçoila, meses antes conhecera um jovem rapaz aventureiro: Alaor, mais conhecido como Alaô, que sonhava em atravessar o deserto do Saara. Alaô era um bonito moço sempre com o rosto bronzeado, pois se recusava a passar protetor solar na cara.

Aurora se apaixonara perdidamente por Alaô e numa noite de luar cedendo a paixão que a arrebatava, finalmente se entregou ao amado. Mas, para seu desespero, seus pais descobriram o romance proibido e, sem saber que Aurora não era mais casta, proibiram terminantemente o namoro dos jovens apaixonados.

Quando surgiu Mário, encantado por Aurora, foi um grande alívio para a família e forçada por seus progenitores, ela, muito à contragosto, aceitou o namoro.

O que ninguém sabia é que ela ainda encontrava-se secretamente com Alaô. E e secretamente, numa noite sem lua, fugiram os dois para nunca mais voltar.
Dizem que fugiram para o Egito e se converteram ao Islã e que rezam muito para Allah. 

Foram vistos por Haroldo Lobo (que estava em excursão pela África) atravessando o deserto do Saara, sob o sol quente, ambos
somente com o rosto queimado (provavelmente pelo habito de não usar protetor solar na cara).

Mário, surpreendido e decepcionado em sua dor compôs então a famosa marchinha. E em seu sofrimento conheceu a irmã de Aurora: Amélia, que aceitou casar-se com Mário mesmo sabendo que ele ainda amava a outra irmã. Afinal, ela não tinha a menor vaidade.
Boa Tarde.

Bibliografia:
Aurora (Mário Lago e Roberto Roberti)
se você e fosse sincera / Ô ô ô ô, Aurora
Veja só que bom que era / Ô ô ô ô , Aurora
Um lindo apartamento / Com porteiro e elevador
E ar refrigerado / Para os dias de calor/ Madame
Antes do nome / Você teria agora/ Ôôôô Aurora
Allah-la-ô Composição: Haroldo Lobo e Nássara

Allah-la-ô, ô ô ô ô ô ô
Mas que calor, ô ô ô ô ô ô
Atravessamos o deserto do Saara
O Sol estava quente, queimou a nossa cara
Allah-la-ô, ô ô ô ô ô ô
Mas que calor, ô ô ô ô ô ô...
Viemos do Egito
E muitas vezes nós tivemos que rezar
Allah, Allah, Allah, meu bom Allah
Mande água pro iôiô
Allah, meu bom Allah,
(Agradecimentos: Alexandre Saad Kyk, Andréa Obata, Rodrigo Iervolino. Pela viagem coletiva que deu origem a esta crônica)


sexta-feira, 26 de março de 2010

APRENDAM


Meninas!!! Aprendam. O homem mede o quanto a mulher é boa de cama pela iniciativa que ela toma para ter o seu próprio orgasmo (mexe, vira pra lá vira pra cá percebe que ele ta quase lá e tira pra ele não gozar antes dela) .

É importante também tanto que ela consegue adiar o gozo do parceiro sem perder o Tesão.

A última coisa que o homem que ouvir é um “goza logo!” a menos que você seja uma prostituta.

OU SEJA: SEJAM EGOÍSTAS NA CAMA, e depois de se esbaldarem aí sim, sejam generosas.

Essa é uma ordem que todas as mulheres que enlouquecem os caras na cama seguem.

De boa: essa dica vale mais e é bem mais fácil que decorar o kama sutra!!

É isso mesmo meninas... acabou a época de se acharem menininhas e que o cara tinha que fazer tudo hoje se a mulher tem que mandar bem também e vocês estarão sendo julgadas. E principalmente: a competição esta acirrada.

Na verdade não é nada de mais: vocês fizeram isso com os homens durante séculos e a gente está aqui ainda.

É apenas um dos efeitos colaterais da fumaça de sutiã.

O importante é curtir!!!


Discordo Dr Gikovate!


Achar que o outro é um príncipe ou princesa, a metade que faltava é uma grande balela! Mas também achar que somos completos e auto-suficientes como afirma o psicólogo das mídias Dr. Gikovate é uma besteira maior ainda.

Chego verdadeiramente a me irritar com esse papo de auto-suficiência!

Não somos eremitas, vivemos numa sociedade, se não conseguimos sobreviver sozinhos porque deveríamos nos achar emocionalmente auto suficientes?

O papo do Dr. Gikovate é ótimo para quem acabou de tomar um pé na bunda e está com a auto estima em frangalhos.

Não quero ser do contra mas nesse caso tenho que alertar pois vejo esse cara ser idolatrado, quando ele não faz mais do que gerar ilusão, egoísmo, superficialismo e depressão (hmmmmmm, aí acho que ele deve ganhar uma nota dos laboratórios)

Desculpem-me o desabafo, mas é importante entender:

Discordo do Dr. Quando ele diz que somos completos, achar isso é formula de frustração.

Tão pouco a parte que nos falta está em outra pessoa, essa é a formula da decepção. (nesse ponto concordo com o Dr. Flávio)

Estamos sozinhos buscando nossa complementação, nosso aprendizado.

Isso implica em conhecimento, realização, objetivos, acertos e erros.

Existe uma parte desse aprendizado que é AMAR!

Para amar alguém temos que amar a nós mesmos (concordando com o Dr).

Mas a importância do amor próprio esta justamente em ser a principal ferramenta para amar alguém.

Quando estamos envolvidos com alguém devemos ter em mente que são duas pessoas (Concordo de novo com o Flavinho) cada uma com sua individualidade.

Mas o relacionamento é um terceiro elemento, esse elemento é composto de troca, de cessão, proteção, entrega, de favores, gentilezas, reconhecimento e admiração mútua. Mas também dentro dele acontecem brigas, decepções, mal entendidos e responsabilidade. E isso envolve as duas pessoas.

“Serás eternamente responsável por aquilo que cativas.” (Sant Exupéry) .

E o sexo?

Concordo quando o Giko, fala qua o orgasmo é individual (pois só quem tem que consegue sentir).

Mas para quem resume o sexo a orgasmo é melhor que vá a uma zona ou pague um garoto de aluguel.

OU SEJA: Não dependemos do outro para ser feliz, mas jamais seremos felizes se amarmos somente a nós mesmos.

Boa Tarde!





quinta-feira, 18 de março de 2010

Palavras e Atos


As pessoas não dizem mais eu te amo. Elas têm medo... É muito fácil não se comprometer com palavras pois aí qualquer ação se justifica. "Eu não disse isso." Por outro lado, quando não se diz, qualquer ação também pode ser cobrada como ato de amor.

Olha o que eu deixei de fazer: isso é prova que te amo. Eu estou com você: isso e amor.
(deixou de fazer? Estar comigo? Ahhh, existem vários motivos para deixar de se fazer coisas até preguiça, para se estar com alguém também, (carência e até teimosia, posse).

Fazer sem falar é cômodo, prático e fácil assim como inútil. Tão inútil quanto só falar.

Antigamente eu dizia eu te amo todos os dias a diversas pessoas que eu realmente amo!

Hoje é perigoso dizer isso, pois o amor tornou-se objeto de exclusão. O pior é que não sou eu mais eu que decido quem eu amo ou deixo de amar, a sociedade é quem julga.

"Amo você" é um termo curto que para mim era infinitamente amplo. Significava que além do carinho havia uma ligação fraternal, amorosa, de doação mútua.

Hoje "eu te amo" tem conotação sexual, de flerte, coisa de homem e mulher e devemos eleger cuidadosamente a quem dizemos.

Humpf! Coisa de quem não vinga, uma humanidade de ventre seco que tem medo do trabalho que o filho vai dar. Ou da perda da liberdade egoísta que esquece que a vida continua naquilo que geramos (inclusive no amor).

Se todos falassem eu te amo, o mundo seria muito melhor.

E quem não fala não faz e não faz porque não sente!

Pois bem, a partir de hoje EU me rebelo:

"...eu tenho dois braços, e o amor do Mundo..." e direi EU TE AMO para tantos que amo e amarei. Pois quem não diz, faz apenas aquilo que lhe é conveniente, e não é digno de ser amado.

Bom dia!


segunda-feira, 8 de março de 2010

Ir em Frente?

-Opa! Opa! Tô chegando a algum lugar...

-Mas como ele será?

-Ai meu Deus!

-Será que vai ser legal como eu achava?

Ou não, vai que tenha cheiro ruim, tenha alguma coisa grudenta no chão... e se a parede for de uma cor que eu não gosto?.... Acho que não vou mais.

-Tsc, que idiotice vou entrar de uma vez! Um, dois e... e...

– Calma, só um pouco... deixa eu respirar...

- Talvez se eu for pra outro lugar primeiro.. Ir me acostumando a chegar... depois eu saio rapidinho...

-É isso!

-Ouiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!! Sai sem me machucar!!! Agora vamos lá para onde eu queria ir!

-Ai, mas será que que vai ser legal? E se for diferente do outro...

-Ai meu Deus! Será que vou? Será fico?


Boa tarde!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Dar Um Tempo...

Dar um tempo sempre foi uma coisa difícil pra mim, sou ansioso por natureza, e dar um tempo remete a ter paciência, ver o que acontece etc. etc. etc. Mas há vezes que esse sacrifício tem que ser feito em prol do próprio relacionamento.

O desgaste da convivência, as cobranças, quando começam a tomar um vulto de birra, intolerância, sufocamento e mais quando começa-se a incomodar-se justamente com aquilo que mais se gostava na pessoa, sem no entanto deixar de amar e ainda sem o desejo claro de terminar.

É o império do "mas": -amo mas..., -queria me aproximar, mas... Logo o "mas" dá lugar ao não sei se quero, não sei se vou, não sei se amo.

Essa hora é a hora do tempo.

Muitas vezes me juntei ao coro do "Tempo é uma coisa que não existe", e na maior parte das vezes não existe mesmo. É um artifício para diminuir o sofrimento da separação.

Não quero sofrer, ninguém quer, acredito em relacionamentos eternos, mesmo que não tenha ainda vivido um e por isso talvez o tempo talvez seja apenas o que é: um tempo. Um tempo para dar autenticidade ao que se sente.

Que assim seja. Salve o tempo!




terça-feira, 2 de março de 2010

Transacional


O que é se relacionar senão trocar? Uma relação existe entre um plural de coisas, bom mal ou mais ou menos sempre temos que ceder e receber. Amor altruísta.... hmpf não existe (talvez o da Madre Tereza). O Problema é as pessoas se engajarem em jogos sem ao menos saberem que estão jogando.

Sou fã de carteirinha de um americano chamado Eric Berne, o cara decodificou centenas de jogos que as pessoas jogam entre si. É o principio da análise transacional.

Ele começa definindo uma série de "passatempos" jogos simples cujo objetivo é simplesmente uma integração social, por exemplo "você viu o jogão de ontem?" (homens) ou "Onde vc conseguiu essa cor de esmalte?" (mulheres). Nesse tipo de passatempo as pessoas promovem interação, aceitação mas se as pessoas não entrarem no jogo simplesmente se muda de circulo.

Quando a conversa começa a esquentar, secretamente inicia-se um jogo de poder, onde vale a opinião mais perspicaz ou engraçada. por ex um jogo de piadas, contar piadas nada mais é do que um jogo de "preste atenção em mim" e após a conclusão (se bem sucedida) o contador de piada olha para todos com aquela expressão clara "quero ver quem conta uma melhor agora" assim estabelece-se uma relação de dominância naquela roda.

Nos relacionamentos os jogos são bem mais complicados, geralmente se compões de círculos viciosos em que estabelece-se dominador e dominado, opressor e oprimido e uma constante luta para se trocar de posição.

Outro principio de Berne está no fato de que cada um apresenta três personagens distintos para interagir numa relação: o Pai, o Adulto e a Criança.

Traça-se assim um mapa de relacionamento em que cada personagem fala e age com outro, tipo numa discussão com filosófica em que os dois querem ter a razão, Pai e Pai protagonizam uma discussão sem fim cada um falando com a criança do outro , quando chega-se a um acordo de quem fala e quem escuta, adultos falam entre si.

E quando as crianças conversam elas podem desde brincar, se revoltarem, serem cruéis e ou inconseqüentes, birrentas, teimosas e impacientes.

claro que num único diálogo, os papéis são trocados inúmeras vezes.

Claro que a AT é muito mais que isso mas abordarei esse assunto futuramente.

Afinal o negócio é Curtir.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Tudo que é para sempre um dia acaba (pois não somos eternos)


Fico apavorado com a frivolidade das relações afetivas nos dias de hoje. As pessoas já não acreditam mais que podem ser felizes com alguém.
E eu, pobre integrante da facção romântica, (hoje em dia considerada quase um grupo terrorista) tornei-me um ser obsoleto num mundo repleto de emoções efêmeras.

Não sou um romântico xiita, apenas creio que qualquer relação deva ser ao menos encarada como eterna para que ela dure o quanto tiver que durar, caso contrario não há o que se buscar e muito menos ao que apoiar, não há por que se perdoar e passa se a tomar extremo cuidado com os momentos felizes, pois eles certamente se tornarão sofrimentos.

Abraço com carinho a sapiência de nosso poetinha que lascou um "que seja eterno enquanto dure" na hipocrisia das relações falidas de sua época (quando a eternidade era uma obrigação).

Mas, porém, mesmo que por um momento, precisa-se crer na eternidade. Acreditar realmente no "que seja eterno" mesmo que talvez um dia não dure.

Essa fé faz com que esse momento se concretize plenamente pois há esperança de ser parte de algo maior.
A falta dessa crença nos faz medrosos, apavorados com a possibilidade de ser feliz com alguém.

A esse pobre povo sem fé, resta uma felicidade efêmera e doentia baseada na falsa premissa de que cada um se basta.

Por isso digo, o negócio é curtir. (a dois)
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