"Amar é um dos verbos mais difíceis de se conjugar: o seu passado não é perfeito, seu presente apenas indicativo; e o futuro é sempre condicional." (Jean Cocteu)"

terça-feira, 6 de julho de 2010

Minha Fome

Era antes assim:
Quando era uma vez amargo tempo
Amargo na boca (oca)
Azia, Vazia...

E o doce: 
sempre depois.
-Sobremesa
de um banquete
que nunca foi servido

Quero encher o estômago
Quebrar a etiqueta
esses dias já são salgados
frios e putrefatos, mas nada,
Nada estraga meu apetite.

Minha vontade é devorar!

Rasgar o menu
amargo de saudade.
Fazer dieta só de prato principal
sorver o doce da sua boca
temperado com suor.

E só assim acabar com
essa coisa que me mata
essa fome ingrata
que eu tenho de você.

Princesas


Eu acredito em princesas.
Não que eu seja louco,
apenas acredito em princesas.
Num mundo desordenado,
sei que em algum lugar elas estão
Distantes,delicadas e destemidas.
Insurgindo nas batalhas dos seus corações
contra a tirania dos cavaleiros negros,
Rasgando seus vestidos pelo amor de um plebeu.
Provando a amargura do fel,
matando sua sede com as lágrimas,
vertidas entre os seios,
do fundo do peito...
Princesas lotadas de coragem.
Sonhadoras e presentes,
capazes de empunhar uma espada,
E com suas mãos delicadas
romper os grilhões atados aos seus pés.
Enfrentar dragões...
Talvez eu seja um sonhador
num mundo de encanto,
mas mesmo no mundo real
meu coração pertence a elas.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ídolo


Estou relendo um livro do Rubem Alves, um livro antigo chamado “Navegando”.

Não é de hoje que gosto muito do Rubem Alves, e o conheço desde a infância por ele ser amigo de minha mãe e freqüentar a minha casa.

Na verdade aquele senhorzinho calvo com uma coroa de cabelos brancos, semblante sereno e um respeitável narigão que freqüenta minha casa é para mim uma pessoa completamente diferente do Rubem Alves que vejo nos livros.

Não que seja pior, obviamente ambos são a mesma pessoa, mas, confesso que as vezes chega a me incomodar a personificação da mágica contida naqueles textos que, me inspiraram e me ensinaram uma forma nova de ver a vida.

Ler os textos do Rubem é uma janela que se abre e ensina como ver a vida de uma forma totalmente diferente, ensina que a vida não é feia, depende muito do lado que se olha.

Isso me faz pensar nessa relação quase conflituosa entre o homem e a sua obra.

É estranho quando a gente conhece a pessoa atrás do ídolo, e descobre que é só uma pessoa.

Muitas pessoas idolatram e amam a pessoa por que misturam a obra com o autor. Acho isso triste, pois muitas vezes o ser humano por trás da obra fica imerso em uma nuvem formada por fragmentos de sua própria obra.

Conheci já algumas pessoas ditas famosas, sou filho de artista, e sempre me envolvi de uma forma ou de outra com o encanto dos filhos das artes.

Uma das coisas que digo é que toda vez que me aproximei de uma maneira ou de outra vi a tal nuvem se dissipar mostrando alguém muitas vezes surpreendente e algumas vezes decepcionante.

Mas a grande verdade é que a obra tem realmente o encanto, como não misturar as letras maravilhosamente hipnóticas de Chico Buarque com aqueles encantadores olhos azuis. Como não misturar a genialidade dos personagens de Fernanda Montenegro, àquela senhorinha delicada.

Mas é preciso lembrar que o humano não é a obra é o ser. E ao contrario do finito da existência do ser, devemos sim admirar a eternidade da obra.

Por isso sei que o Rubem da minha casa tem todos os defeitos e qualidades que qualquer pessoa pode ter. Mas sua obra me toca e tudo que nos toca deve ser lembrado.


Boa Noite

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